sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A palavra dos autores / a palavra da Vida de Vidro


Escrever sobre palavras obrigatórias


Assumo, desde já. Não gosto de escrever com palavras ou temas predefinidos. Aceitei este desafio porque sou mesmo assim: não resisto a desafios. Confesso, no entanto, a minha “desconfiança”, de cada vez que chegava (e continua a chegar) mais um lote de palavras.
Como se pega em 12 palavras soltas e se consegue fazer um texto com um mínimo de harmonia e ligação? Só posso falar de mim, porque, dos outros autores participantes, retenho a aparente facilidade da escrita que, por vezes, se multiplica em mais do que um texto. Para mim existe sempre a dificuldade de decidir entre escolher um tema ou deixar-me ir ao sabor das palavras. E acaba, quase sempre, por ser uma mistura das duas abordagens. Normalmente uma ou duas palavras sobrepõem-se às outras e dão o mote. Quem ler os textos do 7º Jogo (que não está no Livro mas aqui, no Eremitério ) verifica que a palavra “bailarino/a” foi marcante, para quase todos os participantes. Tal como tinha sido o “nefelibata” duns jogos atrás. E, ou seguimos o caminho que as palavras parecem indicar ou as contrariamos completamente, indo por caminhos inversos. Parece-me que ainda não consegui fazer esta segunda abordagem mas, agora que estou a escrever ao correr dos dedos no teclado, acho que é um desafio suplementar. E, provavelmente, ainda mais interessante.
Importa reconhecer que, para mim, tem sido muito estimulante este “exercício de escrita”. Penso que o tem sido para todos os outros autores. Deste entusiasmo e do trabalho suplementar de três de nós, vai nascer um livro. Algo palpável, com textura, cheiro. Algo nosso para dar aos outros. Este foi e continua a ser um desafio que valeu a pena aceitar.

Vida de vidro